Não envelheças (...), por mais que os anos te convidem a deixar a primavera; quando muito, aceita o estio.
Machado de Assis
para Ruy Espinheira Filho e Aleilton Fonseca
CALÇA DE TERGAL
Seu Florisvaldo resolveu ir à balada,
viver também é se entregar à putaria,
varar a noite e ver o sol cagar o dia,
comemorar senilidade avançada.
Ajuntou tralha ignota e amarelada
para compor a sua grata fantasia,
uma mortalha secular que sentencia
a cafonice como o ocaso na alvorada.
Rodopiando feito um disco na vitrola,
seu boogie woogie entediante contagia
a juventude rapapé, calva e venal.
Flori feliz retira um lenço bem da moda
e enxuga a testa num sorriso de alegria -
Silvério amou sua nova calça de tergal.
De Caribó Literato,
corno, poeta e viado.
(Florisvaldo Matos é autor de Poesia reunida e inéditos, livro publicado pela editora Escrituras)
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