domingo, 18 de setembro de 2011

AO MESMO TEMPO BROXA E PUNHETEIRO?

Abrem, ébrios, seus livros que se acabam
Nas estantes do mundo (...)
A. Bueno

MOTE
Ao mesmo tempo broxa e punheteiro?

GLOSA
Ao mesmo tempo broxa e punheteiro,
o braço lasso de lutar contra a barriga,
costa arqueada como o arco de uma lira,
mergulha a mão no ninho de pentelho.

E aí então, meu Deus, começa a briga:
chacoalha a glande adormecida lá no meio,
aperta os ovos com bravura e, sem receio,
se lasca numa espiga bem comprida.

Assim tem sido há anos seu enleio,
sua aventura de compor uma cantiga
que seja ao mundo mais que a lágrima caída
por ter nascido feio e sem dinheiro.

Ruy Espinheira, vate da desdita,
vem sempre algo pior, escuta este conselho:
compre tesoura nova e apare bem seus pelos
pra não perder a mão em meio à pica.

                                                                  
                                                                   De Caribó Literato,
                                                                   corno, poeta e viado

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