o nascimento do poeta, seu encontro com a musa
com cópia para Charles Baudelaire
O teu haibun da pescaria lembra a lua
chorando horrores o luar mais tedioso
que a triste noite viu nascer na triste rua,
onde gemendo, tua mãe, num lento esforço,
cagou você, mas que cocô!, e ainda nua
rogou ao demo retalhar aquele estorvo.
Não fosse a dor da rosa hiante que menstrua,
a perna podre de ir e vir naquele fosso,
o gosto amargo da maconha que empanturra
o corpo frágil de um prazer débil e insosso,
tua pobre alma não seria alma tua,
teria ido, como tantas, pro esgoto
e a grande arte perderia as garatujas
de um fanfarrão cheio de empáfia e boquirroto.
Tua má poesia é aquele demo quem sussurra,
aquele mesmo a quem tua mãe mostrou seu rosto,
mas retalhar uma figura fraca e suja?
darei ao mundo mais um insensato porco,
repetirá, sem saber como, uma a uma
das rimas tolas que direi pra seu consolo,
falarão dele, os seus confrades, é uma mula,
e as risadas chorarão em alvoroço.
O teu haibun da pescaria lembra a lua
chorando horrores o luar mais tedioso.
De Caribó Literato,
corno, poeta e viado
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