sexta-feira, 29 de julho de 2011

A INFELIZ APARIÇÃO DE GUSTAVO FELICÍSSIMO

o nascimento do poeta, seu encontro com a musa
com cópia para Charles Baudelaire

O teu haibun da pescaria lembra a lua 
chorando horrores o luar mais tedioso
que a triste noite viu nascer na triste rua,
 
onde gemendo, tua mãe, num lento esforço,
cagou você, mas que cocô!, e ainda nua
rogou ao demo retalhar aquele estorvo.

Não fosse a dor da rosa hiante que menstrua,
a perna podre de ir e vir naquele fosso,
o gosto amargo da maconha que empanturra

o corpo frágil de um prazer débil e insosso,
tua pobre alma não seria alma tua,
teria ido, como tantas, pro esgoto

e a grande arte perderia as garatujas
de um fanfarrão cheio de empáfia e boquirroto.  
Tua má poesia é aquele demo quem sussurra,

aquele mesmo a quem tua mãe mostrou seu rosto,
mas retalhar uma figura fraca e suja?
darei ao mundo mais um insensato porco,

repetirá, sem saber como, uma a uma
das rimas tolas que direi pra seu consolo,
falarão dele, os seus confrades, é uma mula,

e as risadas chorarão em alvoroço.
O teu haibun da pescaria lembra a lua 
chorando horrores o luar mais tedioso.


                                                                               De Caribó Literato,
                                                                               corno, poeta e viado

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