- Lá vai o Silvério!
- Qual deles, rapaz?
- Silvério careca,
testudo e audaz,
que tem uma pompa
de quem sabe mais,
de quem lê o avesso
do lado de trás,
de quem joga o jogo
repleto de ás,
de quem leva o barco
e carrega o cais...
-É aquele Silvério
com jeito de bicha,
gaguinho e zoiúdo
metido a artista,
que toca na banda
aqui jamais vista
(ninguém quer o baile
do clarinetista)?
-É este o Silvério,
poeta copista
de tom modorrento,
seguindo na pista
de um cristo cinzento
achado na lista
dos classificados
de alguma revista
que dá ‘nobres temas’
a uns carreiristas
sem inspiração
buscando a conquista
de dinheiro e fama
e alma benquista
e mundos e fundos
que aqui não se avista.
- Ô pobre Silvério,
cascudo e voraz,
teu verso é uma fêmea
que geme demais.
Se acaso sentisse,
e sente, aliás,
o ritmo frouxo
dos seus tristes ais...
mas quem não percebe
os vivos sinais
jamais vê seus erros
tão gramaticais.
De Caribó Literato,
corno, poeta e viado
De Caribó Literato,
corno, poeta e viado
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