PAIDEIA
para João Paulo
são teus, meu pai, os frutos
duramente
não colhidos.
A. Brasileiro
Filho, não sei por onde caminhamos,
sei apenas que essas terras em que vamos
são o pó de nossa própria carne.
Agora, fecha os olhos, já é tarde,
e não conta as estrelas - todo brilho
respandlece num sono simples, filho.
Enrola-te na colcha que te trouxe
e adormece as venturas, somos hoje.
Amanhã cedo, cedo voltaremos
à marcha, não haverá fôlego para,
cansados, debulharmos o caminho.
Como aves que se fiam em suas asas,
calados, solitários, seguiremos
feito apenas de nós o nosso ninho.
Pai... Ô pai... Como sossegar sem sono?
Aceito tuas ordens mas não domo
os espaços vazios pulsando em mim.
E se eles atormentam, fico assim,
inquieto como um cão doido, no cio,
trincando os dentes, que chacoalham ao frio
de mais uma noite finda só, ao relento.
Iremos sempre chocalhos do tempo?
Amanhã seguiremos, assim seja;
depois também, estou reconfortado
já que de pó foi feita a nossa carne.
Não podemos estar a tantos passos
desse lugar desencontrado, vejo
montes crescendo, pai, aos meus olhos que ardem.
Querido, como faço pra te conhecer pessoalmente?
ResponderExcluirP.S.: sou greta.